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 História da Rádio

A primeira emissora de rádio a se instalar no Amapá, foi a Rádio Difusora de Macapá, em 11 de setembro de 1946. Em 1943, pelo decreto-lei 5.814, de 13 de setembro, o governo federal criou o Território Federal do Amapá. Tão logo assentado o Poder Executivo Territorial em 25 de janeiro de 1944, o Governo do Amapá, sob o comando de Janary Gentil Nunes, montou um Serviço de Imprensa e Propaganda, destinado à divulgação de seu programa de ação e desenvolvimento. Um desses órgãos de divulgação foi o Jornal Amapá – um semanário composto e impresso nas oficinas da Imprensa Oficial - que circulou, em primeira edição, no dia 19 de março de 1945.

Segundo registros nas próprias páginas do Jornal Amapá, o embrião da Rádio Difusora de Macapá foi o Serviço de Alto-Falantes que foi inaugurado em 25 de fevereiro de 1945, um domingo, portanto um mês antes da circulação do Jornal Amapá. Esse serviço destinava-se a irradiar música escolhida, noticiário e informações de interesse público.

O programa de inauguração do Serviço teve início às 17h, ocasião em que foi tocada pela primeira vez a Marcha Continental, música que serviu de Prefixo Musical do Serviço de Alto-Falantes. A apresentação do Serviço foi feita pelo jornalista amazonense e Diretor do S.I.P., Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque.

Segundo os registros históricos, Paulo Eleutério, em seu pronunciamento ao microfone, explicou que “modesto ainda, o Serviço de Imprensa e Propaganda iniciava a utilização do rádio, dotando a cidade de um aparelhamento sonoro de alto-falantes, preparando-se para a tarefa maior de uma estação rádio-emissora que abrangesse todo o Território e pudesse levar ao Brasil, a palavra fraterna e confiante do Amapá”.

A programação teve prosseguimento com apresentação de música popular brasileira, noticiário local e nacional e música americana, encerrando-se às 18h com a ‘’Ave Maria” de Schubert. A aparelhagem sonora foi instalada pelo Sr. Heráclides Macedo, técnico de rádio da Panair do Brasil (empresa de viação aérea da época).

O estúdio funcionou, inicialmente, no prédio da antiga Intendência, depois utilizado pelo Museu Histórico do Amapá, na Rua Mário Cruz, irradiando o som amplificado por dois possantes alto-falantes, tipo corneta localizados na Praça da Matriz e na Praça Barão do Rio Branco (Largo de S. João).

Segundo o historiador Nilson Montoril, ciente da importância do rádio numa região vasta como o Amapá, carente de meios mais rápidos de comunicação, o governador do Território, Capitão Janary Nunes, autorizou o 1º Tenente e Jornalista Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque, a manter contatos com os senhores Edgard Proença e Roberto Camelier, para obtenção de horário noturno e um dia na semana, para a transmissão de programas especiais sobre o Amapá, através da PRC-5. A PRC 5 era a Rádio Clube do Pará, conhecida em toda a Amazônia como – A voz que fala e canta para a planície.

Paulo Eleutério, que militara na imprensa do Pará como redator do Jornal O Liberal, não encontra dificuldades junto aos proprietários da PRC-5 – Rádio Clube do Para, uma emissora com penetração extraordinária em toda a Amazônia, implantada porPio e Edgard Proença, em 22 de abril de 1928.

Assim, no dia 7 de junho de 1 945, a PRC-5, deu início a irradiação de seus programas especiais sobre o Território do Amapá, através de sua onda tropical de 60 metros, sempre as quintas-feiras, a partir das 19:30h (nesse tempo, o programa A Voz do Brasil, criado em 1937, tinha apenas 30 minutos de duração).

Segundo o historiador Nilson Montoril, essa veiculação visava, acima de tudo, conscientizar alguns paraenses ilustres, que mantinham-se ainda contra a criação do Território Federal do Amapá, querendo que o mesmo fosse extinto, como foram dois deles ( Ponta Porã e Iguaçu ), para que essas terras voltassem a integrar o Estado do Pará, como eram até 13 de setembro de 1943.

Os programas retransmitidos pelo Serviço de Alto-Falantes, causavam ótima impressão aos seus habituais ouvintes. Os residentes no interior do Pará e Amapá, por carta, acusavam a sintonia do mesmo, em seus receptores alimentados a bateria de 12 volts. Valendo-se de seu prestígio pessoal e da ajuda de amigos, muitos deles parlamentares, Janary Nunes conseguiu autorização para fazer funcionar em Macapá, uma emissora de radiodifusão operando em ondas média e tropical.

O Ministério de Viação e Obras Públicas, órgão que controlava, na época, a concessão de licença para funcionamento de emissoras, acatou o pedido do governador. A autorização para funcionamento da RDM, foi concedida pela Portaria nº 709, de 12 / 06 / 44. No dia 15 de dezembro de 1 945, o Jornal Amapá, ano I, edição nº 39, publicou um convite nos seguintes termos: ”Ouçam diariamente, das 20 as 21 horas, na freqüência de 1 460 kilociclos e onda de 205 metros, a Rádio Difusora de Macapá - A voz mais jovem do Brasil”.

Apesar de Portaria de autorização ter sido assinada em 12 de junho de 1944. somente depois de um ano e meio, a emissora foi colocada em funcionamento. Portanto, a data que marca a entrada da RDM no ar, operando em fase experimental, é 15 de dezembro de 1945, um sábado. Uma semana depois, ou seja, em 22 de dezembro de 1945, foi divulgado pela 1ª vez o prefixo da emissora – Z Y E – 2, seguindo-se o slogan original – a voz mais jovem do Brasil.O horário de funcionamento permaneceu o mesmo.

Em 15 de junho de 1946, uma quinta-feira, o Jornal Amapá anunciava que a RDM, a partir daquele dia, passaria a funcionar das 16 às 18 horas e das 21h30m às 22h30m. A primeira transmissão externa da Rádio Difusora ocorreu em 23 de julho de 1946, ocasião em que Dona Iracema Carvão Nunes, primeira esposa do Capitão Janary Nunes, completava um ano de morta.

Dia 31 de agosto de 1946, a RDM passou a operar das 20 às 22 horas, na fase de teste final de seus equipamentos. Por ocasião dos eventos mais expressivos do Amapá a Radio Difusora de Macapá, teve participação ativa, abrindo seus microfones (o de forma hexagonal no auditório ou o oval de uso no estúdio) para divulgação de importantes palestras.

No dia 11 de setembro de 1946, uma quarta-feira, a aparelhagem mudou para a rua Candido Mendes, local onde a emissora está instalada ate hoje. A Difusora funcionou, inicialmente, num prédio, em estilo colonial, construído pelo Governo do Território Federal do Amapá, num terreno da empresária Sarah Rofeff Zagury, adquirido na época por 350 mil reis. Dona Sarah, de origem hebraica, matriarca da família, administrava entre outros bens, uma conceituada loja - Casa Leão do Norte - com venda de tecidos, pratarias, móveis, e eletrodomésticos, além de uma fábrica de refrigerantes, o extinto FLIP GUARANA.

O prédio era composto de um auditório com capacidade para 100 pessoas, com duas portas frontais e uma lateral, alem de três janelas para a Rua Candido Mendes. Um corredor, que levava até a discoteca, dava acesso para a sala do Diretor e para o controle de som, tendo ao fundo o palco, muito utilizado para serestas, programas do Clube do Guri e apresentação de radionovelas, ao vivo, montadas na própria emissora, por um cast de radioatores, seguindo scripts de autores consagrados.

Em 1951, foi construído um pátio com bar ao ar livre, com vista para o Rio Amazonas, usado em grandes bailes sociais e carnavalescos. (Veja foto acima)Tudo com iluminação direta e indireta. A emissora iniciou suas atividades, operando em um equipamento SUPERTEL de fabricação nacional, com 250 watts, na frequência de 1460 quilohertz, ondas médias de 205.5 metros, além de amplificadores, receptores, transmissores para reportagens externas, equipamentos de estúdio, etc. O técnico em eletrônica Manoel Veras (irmão do também técnico Ivaldo Alves Veras), que montou os equipamentos, o controlista de som Benigno Penafort (tio do jornalista Hélio Penafort) e o locutor Delbanor Dias, colocaram a Difusora no ar, há 46 anos.

E, na abertura de sua programação às 20 horas, o Sr. Carlos Alberto Monteiro Leite, médico com exercício no Hospital Geral de Macapá, proferiu uma palestra sobre o tema Campanha Anti Tuberculosa. As 20:30 horas, no auditório do prédio da emissora, o Dr. Raul Montero Valdez, Secretário Geral do Governo do Território, exercendo na ocasião, o cargo de Governador Substituto, face o titular, Janary Nunes, estar viajando em missão oficial, fora doAmapá, inaugurou o Broadcasting ( radiodifusor / transmissor ) da Rádio Difusora de Macapá. A primeira equipe de radialistas a atuar na Difusora, foi formada por Paulo Eleutério, e composta com o próprio pessoal do quadro do Governo do Território. Muitos desses locutores e produtores de programas, que se formaram nos microfones do rádio amapaense, foram depois contratados por várias emissoras de Belém e de outras capitais, obtendo sucesso cada vez mais crescente em suas atuações. Durante os primeiros anos, a programação da Difusora consistia em musicais, pela manhã, intercalados com informativos.

No início da tarde – coincidindo com a hora do almoço – era apresentado o Carnet Social – programa da família amapaense, de grande aceitação popular - mediante o pagamento de notas - registrando os eventos sociais como, aniversários, casamentos, nascimentos, batizados, colações de grau, etc, com mensagens especiais e músicas (se fosse o caso) endereçadas, exclusivamente aos homenageados. O slogan – a voz mais jovem do Brasil, usado na fase experimental, permaneceu até 1951, quando foi substituído por outro: ”Uma voz do Amapá a Serviço do Brasil”.

Ainda, segundo Nilson Montoril, por ocasião do segundo aniversário de inauguração da emissora oficial, em 7 de setembro de 1948, realizou-se a primeira transmissão esportiva, diretamente do campo da Praça Capitão Augusto Assis de Vasconcelos – atualPraça Veiga Cabral. Jogavam pela 5ª rodada do campeonato amapaense, os times do Amapá Clube e do Esporte Clube Macapá, tendo como árbitroAurino Borges de Oliveira, o popular tenente, filho de ilustre figura de Macapá, pecuarista e comerciante Ernestino Borges. O placar, decorrido o tempo regulamentar, foi de 1 x 1, com gols de Alves para o alvinegro e Edilson Borges de Oliveira para o azulino.

A discoteca da emissora, iniciada com cerca de duzentas (200) unidades, foi, durante muitos anos, uma das mais completas daAmazônia, com um acervo de obras populares, clássicas, semiclássicas, de câmara, tendo inclusive óperas completas. Além dos funcionários, existia um qualificado elenco de colaboradores como: cantores, radioatores, músicos, locutores, operadores de áudio - conhecidos na época como controlistas, etc. Entre os seus principais programas efetivos destacam-se: O GRANDE JORNAL FALADO E-2 – um completo noticiário, muito bem elaborado, informando com detalhes, sobre tudo que estava acontecendo de importante, “no Amapá, no Brasil e no mundo”.OGrande Jornal Falado E-2 seguia a mesma linha do Grande Jornal Falado Tupi que foi ao ar pela primeira vez pela Rádio Tupi de São Paulo na sexta-feira dia 3 de abril de 1942.

O Grande Jornal Falado E-2 era apresentado por dois locutores que se revezavam na leitura das seções: O Comentário do Dia, A Cidade em Revista, Indústria Comércio e Finanças, Notas Científicas, Notícias dos Estados, O que vai pelo Mundo e Atualidades do Esporte, Siga Este Exemplo, Galeria dos Homens Célebres.Os noticiários nacional e internacional, apresentados no programa, eram captados de outras grandes emissoras e repetidos sempre às 21:00 durante o noticioso, depois de cuidadosa adaptação de seus redatores. A partir de 1961, entrou em funcionamento um setor de escuta rádio-telegráfica, que captava noticiário em código Morse, das Agências UPI (United Press International) France Press e Meridional.

O noticiário local era produzido por uma equipe de jornalistas do Serviço de Informações do Governo do então Território, que mais tarde se transformou em Assessoria de Imprensa e depois em Assessoria de Comunicação Social. Além deste, alguns outros programas registraram grande audiência na emissora: A Voz do Seresteiro, Em cada Coração Uma História de Amor, Radionovelas, Escadinha de Valores, A Hora do Guri, Audições do Conservatório Amapaense de Música, (hoje Escola de Musica Walkyria Lima) etc, além do noticiário da Agencia Nacional - A Voz do Brasil.Os programasHora do Guri (depois chamado Clube do Guri) e Desfile de Calouros - sempre apresentados e transmitidos do Palco Auditório da emissora e do Cine Teatro Territorial - na fase de ouro do rádio local, conseguiram revelar novos talentos e grandes intérpretes da música amapaense.

Sua programação seguiu, desde o início, uma linha essencialmente, cultural e informativa com funcionamento de 7h às 13h30m, retornando às 17h indo até 21h30m, isto é, ate o final do Grande Jornal Falado E-2. Os anais da emissora registram nomes de pioneiros que se destacaram nos variados campos de atividades da Rádio Difusora.

Eram locutores, operadores de som, radioatores, músicos, cantores, colaboradores e tantos outros profissionais que faziam com que, cada vez mais, “a emissora da família amapaense” galgasse prestígio, popularidade e credibilidade.

Nilson Montoril informou ainda, que o primeiro Diretor da Rádio Difusora de Macapá foi o advogado Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque que chegou a Macapá, vindo de Belém do Pará, em 17 de maio de 1944.

A convite do Governador Janary Nunes, aqui exerceu várias funções importantes entre as quais, Chefe de Polícia, Comandante da Guarda Territorial, Chefe da Imprensa e Propaganda, etc. Retornou a Belém em 1 947 onde ocupou importantes cargos públicos. Paulo Eleutério morreu lá mesmo, na capital paraense, vítima de assassinato pelo Capitão Humberto de Vasconcelos, no dia 20 de maio de 1950, após violenta discussão de caráter político.

Em 13 de setembro de 1952, quando do seu 6º ano de atividades no Território Federal do Amapá, a Rádio Difusora de Macapáincorporou aos seus equipamentos, um possante transmissor de 1.500 watts (um kilowatt e meio) construído pela Sociedade Hertz Limitada, acompanhado de um completo equipamento de estúdio, sendo montado pelo Sr. Cláudio Gomes, radiotécnico da empresa, vindo do Rio de Janeiro, especialmente para esse fim.

Através do Decreto nº 32 501 de 1º de abril de 1953, o Presidente Getulio Vargas outorga concessão ao Governo do Território Federal do Amapá, para estabelecer, a titulo precário na cidade de Macapá, sem direito a exclusividade, uma estação radiodifusora em onda tropical, que, por dificuldades de conseguir a freqüência, só vai ao ar em 1957.

Até essa data operava apenas em ondas médias. Daí em diante passou a funcionar, também, em onda tropical.

Por volta de 1958 ficou funcionando apenas em ondas tropicais, ate 1964.

A concessão citada no parágrafo anterior teve validade até 22 de maio de 1978 quando foi revogada pelo Presidente Ernesto Geiselatravés do Decreto nº 81.699, face a inclusão do referido serviço na finalidade legal da Empresa Brasileira de Radiodifusão –Radiobrás e da transferência para esta, de todo o acervo da Rádio Difusora de Macapá.Em 1964, o Comando Militar Revolucionário encampou uma emissora clandestina, surgida em Macapá.

Tratava-se da ZYD-11 – Radio Equatorial, pertencente à Sociedade Anônima Técnica de Rádio do Amapá – SATRA.Seu acervo técnico foi incorporado ao patrimônio do Governo do Território e utilizado pela Rádio Difusora.

O parque transmissor da RDM ocupou, desde o início, o mesmo local onde por muitos anos funcionou a Imprensa Oficial, na Rua Cândido Mendes com Av. Raimundo Álvares da Costa, no centro da cidade.

Com a encampação da Rádio Equatorial em 1964, seu transmissor de ondas médias, passou a ser operado pela Difusora, permanecendo instalado no mesmo terreno, onde hoje está edificada a Escola Estadual Lucimar Amoras Del’Castillo, na Av. Pe. Júlio Maria Lombaerd, esquina com a rua Marcello Cândia, no bairro Sta. Rita.

Em 1978 o Governo Federal implantou em Macapá uma das emissoras da rede Radiobrás, e extinguiu a Rádio Difusora.

Em 28 de agosto daquele ano, entrou no ar a Rádio Nacional de Macapá.

Era o fim da primeira fase da emissora oficial, iniciada em 11 de setembro de 1946. De agosto até final de outubro de 78, a Rádio Nacional de Macapá, funcionou com os velhos equipamentos da RDM. Os programas Grande Jornal Falado e-2 e Carnet Social permaneceram no ar até 1978. Em meados de janeiro de 1989, o Governo Federal começou a privatizar algumas emissoras da Rede Radiobrás. Segundo o historiador Nilson Montoril, o governador Jorge Nova da Costa, bastante identificado com os amapaenses, pois trabalhou na década de 50 no Município de Amapá, como engenheiro agrônomo, costumara-se, segundo ele, a ouvir a Difusora.

A par da política de privatização, manteve gestões junto ao Presidente José Sarney, para compra da RDM pelo valor de 800 mil cruzeiros, em 12 prestações, proposta que foi prontamente aceita pelo Governo Federal.

Nova da Costa devolveu assim aos amapaenses, um de seus maiores patrimônios.

A Rádio Difusora, desde o início de suas atividades, teve atuação destacada no campo artístico amapaense, cobrindo todos os eventos culturais e oficiais da época, realizando excursões de todo o seu cast ao interior do então Território, através da Caravana da Boa Vizinhança.

A RDM iniciou dia 1º de junho de 1989, sua segunda fase, depois de um intervalo de 11 anos.

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